segunda-feira, 22 de abril de 2019

Testamento 2019

QUEIMA DO JUDAS 2019 – VILA DO CONDE

À noite é que é bom!
Tem mais graça e malandrice,
A Tê Vê tem outro tom
Mais virado para a aldrabice.

É o setecentos e sessenta,
Muitos euros em cartão,
E a gente que apresenta
Tem um nome: aldrabão.

“A vida não imita a arte
Imita a má televisão”,
Antes de ir prá outra parte
Vos deixo esta previsão:

Se até o Tino de Rans
Conquistou tanta gente,
E a vedeta das manhãs?
A Cristina vai ser Presidente.

Vila do conde tem história
Que merece ser contada
Mas cuidado co´a memória
Que anda a ser colonizada

O Mosteiro de Santa Clara
Vai ser pousada de luxo,
O povinho fica a ver
O capital a encher o buxo.

E o alojamento local
A aumentar a cada ano…
Já a esquadra e o hospital
Ficam pr´a segundo plano.

Montaram um show negócio
Da memória dos estaleiros,
O povo actua por ócio,
Quem ganha são forasteiros.

Espera, não é bem assim,
Agora são portugueses,
´Stava tudo em frenesim
Para vê-los cá mais vezes.

Para a feira de turismo
Com esperteza na mona,
Contrataram por snobismo
Uma modelo gostosona.

Nada contra, mas caramba
Tenham lá mais pudores!
Qualquer dia temos samba
Nos tapetes de flores.

E o Festival da Juventude?
Mas que brilhante ideia!
Temos praia com amplitude
E ainda vão comprar areia.

A família e o Benjamim,
Fazem queixa do barulho,
E taparam o jardim
Que parecia um embrulho.

Ó mandantes desta praça,
Estão a ouvir Srs. doutores?!
Os jardins têm mais graça
Sem feiras e sem tractores.

Eu vos deixo e não está mau
Beijinhos e boa sorte
Para aguentarem esta nau
Sua mestra e seu desnorte.

As notícias da cidade,
As que lemos nos jornais,
Não nos dizem a verdade
Mas o que lhes convém mais.

Jornalismo assim é lixo
Serve pra enrolar faneca
Já a Couve ganhou bicho
Co´as vinganças do careca.

Mas atenção, minha gente
Não é defeito destes lados.
O jornalismo anda doente
E c´os valores Trocados.

Deixo à Imprensa este poema,
E um curso de Kung Fu,
Pra lutar contra o sistema
E não lhe lamber o cu.

Snowden, Assange e Rui Pinto
São os mártires da verdade.
Acreditem, não vos minto,
São a nova cristandade.

Como Cristo, o seu pecado,
Foi ter falado a verdade
Aqui neste povoado
Falta muita liberdade.

Tens razão, ó companheiro,
Não dá para entender,
Prás pessoas não há dinheiro,
Mas há pra quem tem poder.

Notre-Dame caiu a pique
Juntou-se muito capital.
Que pena é, Moçambique
Não seres uma catedral.

Ah, que até já me esquecia:
Deixo um cachimbo da paz
Para o Rei da sacristia
Fumar c´o a Elite Fugaz.

E quanto a vós, sonhadores,
Não esmoreceis com o medo,
Nem tudo na vida são flores,
Vou vos deixar um segredo.

Já foi dito e já foi lido,
Não duvideis um segundo:
Primeiro muda o individuo
E só depois muda o mundo.

Agora vamos sair do ar,
Novo Tempo nos espera,
Eu, Judas, vou a queimar
Vem aí a Primavera!

JUDAS
20 de Abril de 2019



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